É o candomblé que cultua os Voduns do
Reino de Dahomey levados para o Brasil pelos africanos escravizados em várias
regiões da África Ocidental e África Central.
De um modo geral, a iniciação no
Jeje é mais complicada do que a iniciação da Nação Ketu, a começar pelo tempo
de reclusão dos neófitos que no passado durava até um ano. Hoje, devido ao
ritmo de nossas vidas, este tempo caiu para seis meses. Três meses a vodunsi
fica dentro do Hundeme (quarto de santo) e os outros três meses fora dele,
mas ainda na roça. Durante seu período de iniciação a Vodunsi passará por
várias etapas, entre as quais pode-se citar Sakpokàn ou Sarakpokàn,
Vivauê, Kán, Duká, Zò, Sanjebé, Grá (ou Grã), etc. Dentre estes os de
maior destaque o Sakpokàn e o Grá.
A iniciação no Jeje Mahi sempre acontece
com formação de “barcos” ou “ahamas”, pois pela tradição nunca se recolhe uma
única pessoa e nem barcos com números pares de componentes, levando ao
entendimento de que sempre que houver iniciação deve-se ter no mínimo três
Vodunsis em processo, na roça. Em geral cada sacerdote ou sacerdotisa Jeje
Mahi, durante seu comando, não recolhem muitos barcos; a quantidade controlável
de filhos de santo é muito importante, pois há um ditado que diz “é melhor ter
poucos filhos bons a muitos ruins”. Na Casa das Minas também não é diferente.
A iniciação da Vodunsi começa com a
filha “bolando” (caindo) aos pés da arvore consagrada a seu Vodun (atinsá), e
ali ela permanecerá desacordada durante sete dias e sete noites. Dizem que já houve
casos de vodunsis consagradas a voduns aquáticos que ficaram esse período na
água. A ordem das vodunsis no barco se dá pela ordem conforme elas vão ”bolando”
nos atinsás, assim teremos:
♦ A primeira
será Dofona (o) ( Dòfònun)
♦ A
segunda será Dofonotinha (o) (Dòfònuntín)
♦ A
terceira será Fomo (Fòmò ou Yòmò)
♦ A
quarta será Fomotinha (o) (Fòmòtín)
♦ A
quinta será Gamo (Gàmò)
♦ A
sexta será Gamotinha (o) (Gàmòtín)
♦ A
sétima será Vimo (Vimun)
♦ E
ainda pode-se seguir vimotinho, dimu, dimutinho, etc.
Durante o tempo que a Vodunsi
permanecer debaixo do atinsá de seu Vodun, será cuidada pelos Ogãs e Ekedjis.
Neste período, a mãe de santo (ou pai) é proibida de ir ver a filha. Isso por
que a(o) zeladora(o) pode sentir pena da Vodunsi e de certa forma pode querer
ajudá-la, afim de aliviá-la de seu estado. Acabando os sete dias, a vodunsi
ainda desfalecida será levada pelos ogans até o zelador, no Hundeme, para que
este inicie a feitura. O momento em que a vodunsi acorda do desfalecimento é
considerado como um renascimento, após passar pela morte ritual e acordar numa
nova vida, agora como Vodunsi, um compromisso que deverá carregar consigo por
toda sua vida. A partir daí a vodunsi passará por processos de limpezas,
descarregos, banhos de ervas, ebós, e durante uma semana deverá descansar até o
dia do Sakpokàn ou Sarakpokàn. O Sakpokàn é uma cerimônia que acontece sete
dias após o inicio dos rituais de feitura, quartorze dias após o “bolar”, na
qual a vodunsi dança manifestada com seu Vodun. A dança é desajeitada e
desordenada. O Sakpokàn também representa a despedida da Vodunsi de seus
familiares que forem assistir ao ritual, que só verão a vodunsi novamente meses
depois, no “dia do nome”. No dia do Sakpokàn a Vodunsi será raspada e catulada.
Das etapas de iniciação que a nova Vodunsi deve passar, a mais intrigante e
misteriosa é o Grá.
Abraços
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